terça-feira, 29 de agosto de 2017

Sobre o silêncio

Querida ella
Hoje escrevo pra te dizer o quanto fico feliz em perceber que com o passar do tempo você aprendeu, a duras penas, que em alguns momentos o silêncio é um bálsamo.
Sei o quanto você já se arrependeu por palavras do tipo flechas: prontas para serem lançadas com a finalidade única de ferir. Me orgulho em perceber que você tem consciência que muitas vezes essas palavras são na verdade bumerangues: vão e voltam com força redobrada, tal qual feitiço que se volta contra o feiticeiro.
Mas olha, apesar de ver-te assim mais serena e mais segura, talvez, porque não, mais madura (?), preciso te alertar que esse silêncio calculado, uma hora ou outra precisa e deve ser falado. Sim, porque bem sabe que os teus silêncios por vezes se transformam em gritos mudos, afogados em mágoas, tornando isso pior que qualquer flecha, qualquer bumerangue.
Não permita que tua voz seja calada, ainda que pareça mais fácil ou mais leve, o peso de um silêncio comedido pode se tornar um fardo quando acumulado com outros pesos que traz em teu peito.
Seja lúcida, seja firme, tenha fé. E quando a voz não puder ou não quiser gritar, saiba que na escrita sempre encontrará o teu lugar.

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